quinta-feira, 19 de maio de 2016

Sexta,13

A sexta-feira 13 foi realmente horripilante por aqui. Sempre tive tendências a ter infecção urinária. Na verdade, já me ocorreu umas 4 vezes durante a vida. Até quando eu estava em Brighton, já grávida e não sabia. Foi complicado lidar com a ardência forte. Meu irmão me ajudou a comprar o remédio na farmácia e depois de 1 semana de tratamento eu ainda não estava bem.

Só que nesta sexta a sensação foi diferente. Acho que quando você sabe que tem um cisquinho de gente pra proteger, qualquer sensação diferente pode deixar você completamente desesperada.

E foi assim, sem pensar, que ao levantar as “habituais” 6 vezes pra urinar durante a noite, eu senti uma imensa vontade de correr pro banheiro e não consegui fazer nada. Não saía uma gota.

Na hora pensei: você bebe pouca água, o seu bebê está desidratado. E qual a reação esperada? Beber água. Peguei uma garrafa de 2 litros e tomei, bem ali, no banheiro. E nada.

Tentei voltar a dormir, mas a barriga foi crescendo numa tal proporção (parecia que eu estava com 7 meses de gravidez) que eu não conseguia me deitar, esticar as pernas, nem ao menos sentar, tamanha a forte dor. Parecia que ia explodir. E ia mesmo.

Era 3h30 da manhã e fiquei de pé até 4h da tarde, indo de um lado pro outro, sem saber o que fazer. Estou morando numa serra, pra ir até a cidadezinha ao lado preciso pegar um ônibus que só passa de 3 em 3 horas e pra ir a cidade de Siena pegar outro ônibus que leva meia hora pra me deixar na estação de trem e lá outro ônibus até o hospital público. Eu poderia ter ido mais cedo, mas não conseguia subir o morro até o ponto, na verdade mal consegui ir até a vizinha me apresentar e perguntar se ela sabia de um médico por aqui mesmo ou onde eu poderia pegar um táxi. Bom, ela não sabia.

O nego já tinha feito de tudo. Me deu banho de assento com bicabornato de sódio e vinagre, comprou sabonete intimo, faxinou o banheiro, trocou meus lençóis, fez massagem e sucos...

Mas chega uma hora que você que precisa reagir. Minha bexiga estava tão cheia que começou a escorrer xixi pela minha perna, bastava eu levantar. Então coloquei um absorvente e fui ao pronto socorro. Chegando lá colheram meu sangue e me encaminharam ao ginecologista. Enquanto esperava o resultado, fui atendida pela enfermeira Roberta que tentou me acalmar. O médico fez ultrassom e não conseguia achar o bebê no meio de 2 litros de água. Ficou ainda mais preocupado quando viu que eu tinha 3 fibroses que também estavam empurrando meu filho.

Imediatamente colocou um catéter na minha uretra e tirou o liquido manualmente. Alivio imediato. Depois me passou um antibiótico (amoxilina) o único que pode ser usado pelas grávidas quando ocorre infecção urinária (dizem que é normal neste período, mas pelas pesquisas apenas 2% das gestantes são acometidas desta dor latente e angustiante).
Novo ultrassom e o doutor finalmente conseguiu ver o bebê que estava lindo, forte e saudável com 11 semanas e 1 dia. Mas ele pareceu preocupado ao falar sobre as fibroses. Disse que eu preciso de um acompanhamento forte no mínimo 1 vez por mês pra observar se estão crescendo (ele tem medo de se romper no vigésimo mês) e pediu pra eu ficar o máximo de repouso que eu conseguisse.

Foi um dia cheio e intenso. Mas ao chegar em casa às 9h30 da noite eu já me sentia bem. Precisava apenas tomar a amoxilina (2 vezes ao dia) a cada 12 horas.

Eu não ia escrever nada disso pra vocês. Queria contar como a gravidez pode ser um momento mágico e maravilhoso. Apenas o lado bom. Mas depois de hoje (4 dias depois) que aconteceu tudooooo de novo com a diferença que me recusei a beber água e, depois de 13 horas sentada na privada pedindo a Deus pra nos ajudar, 32 horas sem dormir, consegui esvaziar sozinha a minha bexiga e precisava alertar as gravidinhas a irem sempre ao banheiro (evitem os públicos), se hidratarem bem e frequentemente, não se automedicarem e a qualquer sinal de desespero tentar manter a mente calma e ir ao pronto socorro. Não vai ser nada e vai passar.



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