quarta-feira, 15 de junho de 2016

Um pouquinho de paz

Caramba, nem sei por onde comecar. Alias, nao sei muito mais coisas do que isso. Como por exemplo, onde e a acentuacao aqui no teclado do meu irmao (peco a compreensao de voces e que tentem ler, pelo menos dessa vez, este texto sem acentos - o que nao deve ser tao dificil pois sofrem com isto diariamente no facebook).

Bom, no ultimo mes meu computador quebrou (tenho uns 4 textos nao publicados doidinhos para serem compartilhados: dicas de como arranjar um apartamento pra morar na europa, a saga para pegar a permesso de soggiorno, curiosidades que a gente tem no terceiro mes de gravidez, a ansiedade de uma mae que sempre soube o sexo do bebe mas precisa ter certeza), mas enquanto eles nao estao aqui, vou pedir a permissao pra pular esta parte da historia e ir direto para a reviravolta das 2 ultimas semanas.

Meu marido arranjou um emprego em Firenze. Ele resolveu procurar primeiro em um restaurante brasileiro. Ja que ainda nao sabemos falar italiano (apenas algumas palavras que foram absorvidas pela necessidade crucial de nos comunicar), a ideia de ir a uma churrascaria, de gauchos, que estao na Italia ha 20 anos, foi prudente. Logo, eles pediram pra fazer um teste e no outro dia ja foi contratado. Nao vou entrar no merito do salario neste post, mas a gente precisava comecar por algum lugar. Parabens pro nego.

Porem, como ainda nao tinhamos conseguido alugar um apartamento depois de 4 meses de procura incessantes, tivemos que nos separar por alguns dias. Ele iria dividir o quarto com um colega de trabalho e eu ficar em Serre de Rapolano. O que implicaria alem de uma imensa solidao, em insuportavel solidao seguida de repulsa pela minha propria comida, que alem de feia, nao tem sabor.
Mas tudo bem, sobreviventes sobreviverao.

Eu sabia que em uma semana, no dia de folga, ele pegaria um trem e depois de 3 horas estaria comigo pra fazer um piquenique de aniversario. So nao sabia que neste meio tempo aconteceria o pior que poderia acontecer com a familia da minha prima, e que a gente nao saberia lidar com tanta dor (mas nao posso falar disso, e muito particular). No dia 8, ao acordar, me emocionei com uma linda surpresa. A Gigi me deu um lindo vestido e o Joao minhas gerberas preferidas. E o nego estava la, fazendo hamburguers, pizzas, bolos, pipocas, comprando baloes, velas, enfeites. Tudo pra me deixar feliz e entreter a criancada. So nao previamos que ia chover, que a assessoria ia chamar a familia pra conversar em Siena, que ia anoitecer, que iam montar uma barraca na grama do parquinho.

Tivemos que cantar parabens na sala mesmo. Mas foi uma linda festa, por causa de companhia tao agradaveis. E no meio de uma gulodice e outra fiquei sabendo que o contrato da casa tinha vencido (ficamos la por quase 2 meses), era hora de partir. Passei o restante da noite procurando pra onde ir. Eu e meu celular nao somos muito amigos, entao ele me da todo trabalho possivel quando preciso comprar uma passagem. Foram 9 horas sem dormir pra so passar uma unica solucao pela minha cabeca: ir para o meu irmao. Ha 2 meses atras, passei 1 mes em Brighton e achei que nao ia mais voltar, ja que ele esta se mudando pro Canada em breve. Mas tambem eu tinha a desculpa de pegar uma mala que deixei pra tras e estava morrendo de saudade dos meus vestidinhos.

Na minha seguinte pegamos um trem pra Firenze, fechei o contrato do apartamento (vamos nos mudar dia 4 de julho) e vim pro meu irmao. So la do alto que me dei conta que eu nao raciocinei direito. Eu ainda tinha 24 dias pela frente, ia gastar horrorres em libras e estaria perdendo tanto tempo precioso no sofa quando deveria estar fazendo os primeiros exames do meu bebe. Estou na decima sexta semana e ainda nao comecei o pre-natal devido a imensa burocracia de nao ter um contrato de aluguel pra comprovar minha residencia na comune. Eu deveria estar viajando para o Brasil.

A ideia continuou na minha cabeca. Martelando, martelando, mas eu ja tinha gasto mais de 1500 reais so com as passagens pra Londres, nao poderia dar mais este gasto para os meus pais. No sabado, primeira compra de supermercado, 30 libras (150 reais, so para as refeicoes de 1 dia). Isto nao ia dar certo. No domingo, me resignei a nao sair de casa, era pisar pra fora e sentir como se tivesse que pagar pelo ar que estava respirando. Na segunda, meu pai comentou que queria aproveitar que os filhos estavam juntos, pra ele vir ver minha barriga enquanto minha mae matava a saudade do caculinha, mas como eles nao estao de ferias, seria so um final de semana. Achei maravilhoso. Ia acalentar meu coracao. Mas o problema so seria remediado, nao resolvido. Na terca minha vo Dina mandou uma foto no grupo do whats up, mostrando o novo apartamento e dizendo que se mudou pra bem pertinho da vo Manoela. E perguntou: quando voces vem me visitar. Eu respondi: se meu pai deixar, vou agora. E ele completou: por mim, voce vem ontem.

A partir deste minuto ja estavamos eu em brighton, minha mae em goiania e o alexandre em firenze procurando uma passagem para embarcar no dia seguinte. Vou encurtar a historia. Mas gastamos inimaginaveis 45 horas nao so pesquisando, mas tentando efetuar a compra. Ao colocar o numero do cartao, a internet caia, o cartao nao era aceito, a reserva nao podia ser efetuada, acabavam as vagas, teve voo que ate chegou a ser cancelado. Estava absurdos 2500 e depois de 2 dias conseguimos comprar por 4000 reais. Concluindo, era pra eu estar viajando de TAP, e chegando em Brasilia nesta tarde, agora perdi uma semana, viajarei pela AirEuropa e chego em Guarulhos no sabado de madrugada (o que nao vai permitir que eu veja meu afilhadinho, snif, ia ser tao maravilhoso poder abraca-lo, ver se ele ainda lembra de mim).E no fim, terei so uma semana intensa de exames e consultas.

Mas vai valer cada segundo. Serei mimada como sempre imaginei, vou ficar tranquila vendo que o baby esta bem, e poderei matar a saudade de tanta gente e de tanta coisa. Ate de pamonha de sal.

Torcam pra Zica passar longe.






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