quinta-feira, 30 de junho de 2016

Honey Baby

Minha honey baby,
Quando eu tinha uns 19 anos meu amigo Gustavo, um grande músico e redator, sentou no chão de casa em Ribeirão Preto e só saiu de lá quando conseguiu me ensinar a tocar Vapor Barato no violão. Desde então eu nunca toquei outra canção. Só intercalei ao cantar Espumas ao Vento, mas tocar mesmo foi a única que consegui aprender. Obrigada Gu.

Minha honey baby,
Há 1 semana você se materializou na minha frente. Passou a não ser apenas um sonho de 20 anos atrás. Eu e minha mãe fomos em uma ginecologista e ela tentou de tudo saber seu sexo. Fez ultrassom, intravaginal, e você só bocejava e dava xauzinho. Abrir as pernas de jeito nenhum. Super calma e recatada. Chocólatra igual a mãe eu já sabia que não era. Essa foi até umas das supertições que me fizeram acreditar que eu estava esperando um menininho.

Já estava me dando por satisfeita quando a médica resolve dizer: - mas posso dar um palpite? e antes que eu pudesse dizer: - não, pelo amor de Deus, não aumente minha expectativas senão nem vou dormir... ela disse: - acho que é menina. E uma lágrima saiu dos meus olhos.

Aí você já pode imaginar que eu não tive mais sossego. No outro dia estava indo pra Uberlândia matar a saudade dos meus avós e tias. Ia ter um chá de bebê organizado com tanto carinho pelos meus padrinhos. E eu não ia compartilhar com eles o melhor momento da minha vida?

Minha honey baby,
Mandei um whats up pro Tio Guto que me disse: - Posso fazer um ultrassom se você chegar em Uberlândia até 5h30 da tarde. Meu pai correu o máximo que pode pra chegar, mas só chegamos 6h40. Então meu tio não desistiu. Reabriu o hospital e fez o exame em mim. Foram mais 50 minutos virando, revirando e você tranquila, sentadinha, no máximo dava uma espreguiçada. Levantei, dei uma sambadinha, fiz acrobacias e ele disse: - é uma menina. Minha mãe segurou em minha mão, beijou meu rosto, ela tinha o sorriso maior deste universo. E eu falei: - Não quero nem ver. Aí ele mostrou pra minha mãe, em um monte de borrão, que tinha 2 rachadurinhas. Tem que ter muita fé e experiência pra ver algo ali.

Antes de chegar no carro já liguei pro nego. Era1h30 da madrugada em Firenze, mas ele ainda estava no trabalho. Saiu um pouco do barulho do restaurante e eu disse: - Quer saber se é menino ou menina? e ele: - É a Júlia, lógico. E eu confirmei: - É a nossa Júlia. Ele gritou: - Não acredito! Foi um momento mágico.

Depois deixamos o tio Guto na casa dele e a tia Adriana me deu um sapatinho amarelo mais fofo deste mundo. Ao chegar na vó Diná, a tia Mara já estava esperando lá embaixo e perguntou: - É a Júlia, né? Quando eu afirmei que sim com a cabeça, ela pulou tão alto e vibrou com as mãos que nunca vou me esquecer desta cena. Foi lindo madrinha. Obrigada. Ela dizia que tinha certeza, que sempre acreditou na espiritualidade e esta menina estava destinada a mim e ao Alexandre. Foi aí que eu chorei.

Minha honey baby,
Subi pra contar pra minha vovucha, o tio Naninho e meu pai. Afinal, só ele e o Alexandre acreditavam que era você. Afinal, como eu disse: eu parei de comer chocolate assim que você existiu em mim. Só dava bola pra alimentos bem salgado; senti dores extremas do segundo ao terceiro mês, todo dia você inventava uma coisinha nova; eu emagreci 9 quilos no primeiro mês de gravidez e minha barriga é super pontuda, só cresce pra frente. Vê só? Todos os indicadores me fizeram pressionar seu pai a começar a escolher o nome do seu irmãozinho e na lista já tinha: Vicente, Vinicius, Vitor, Max, Lorenzo...

Mas no final das contas, era você. Sempre foi você. E vir passar estes 10 dias no Brasil pra ganhar mimo de todos e voltar reernegizada pra começar uma vida nova na Europa foi a melhor decisão que eu poderia ter tomado.

Obrigada família por todo apoio, carinho, dedicação, presentes. Nada vale mais do que a família e agora ela só vai crescer.




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